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13 de abril de 2022

ArtigosCompromissos para o Futuro

Grupo Boticário amplia Licença Parental Universal para colaboradores da América e Europa

Benefício para homens (cis e trans), casais homoafetivos e pais de filhos não-consanguíneo passa a valer também para colaboradores efetivos das operações próprias de Colômbia, EUA e Portugal; iniciativa reforça compromisso de impulsionar a diversidade e a inclusão.

A consultoria estratégica BCG Brasil ampliou sua licença parental oferecida aos funcionários. Desde 25 de março, qualquer empregado, independentemente do gênero, pode tirar seis meses de licença. Em entrevista ao Valor, que recebeu a novidade com exclusividade, Juliana Abreu, diretora executiva e sócia do BCG, explica que para as mulheres a licença-maternidade começa a contar obrigatoriamente 28 dias antes do parto, se assim solicitado, ou logo após o nascimento da criança – conforme previsto em lei. Em caso de adoção, a licença se inicia na data em que for obtida a guarda judicial para fins de adoção ou na data da própria adoção.

Já para homens, ou para um cuidador secundário, a regra da CLT para os participantes do programa Empresa Cidadã é de 20 dias de licença, a serem contatos imediatamente após o nascimento do bebê. Todo o restante do período
oferecido no BCG, de até 5 meses mais 10 dias, podem ser usufruídos dentro de até 12 meses do nascimento do bebê. Ou seja – os homens podem, por exemplo, escolher tirar a licença quando sua companheira voltar ao trabalho, após quatro ou seis meses de licença. Antes da mudança, homens tinham direito a licença de 20 dias no BCG.

“Estamos determinados em fazer a nossa parte para ajudar na construção de uma sociedade com mais diversidade e igualdade, e essa mudança reforça o comprometimento com nossos colaboradores”, comenta Henrique Sinatura, diretor executivo e sócio do BCG. “Ao atualizar a política de licença, queremos garantir que todos do BCG, independentemente do gênero, possam estar presentes em casa, participando ativamente em um dos momentos mais importantes e especiais de suas vidas, e tenham a oportunidade de priorizar as famílias.”

No mundo, a consultoria tem 21 mil funcionários – dado que não é informado separadamente por país. A nova licença parental estendida para todos os gêneros é uma novidade no BCG Brasil, diz Sinatura. Essa política também é aplicada pelo BCG em alguns outros países, como Austrália e Nova Zelândia, mas ainda não é uma política global.

O Grupo Boticário, que já oferecia uma licença parental universal (para homens e mulheres) de 120 dias no Brasil desde 2021, anunciou agora – também com exclusividade para o Valor – a ampliação do benefício para os funcionários da companhia em suas operações proprietárias na América e Europa. A partir de agora, a licença parental universal 100% remunerada de 120 dias passa a valer para os mais de 650 empregados das operações na Colômbia, Estados Unidos e Portugal. O benefício será concedido para homens (cis e trans), casais homoafetivos e pais de filhos não-consanguíneos, além de mulheres gestantes que já usufruem de licenças normalmente mais longas. A licença de 120 dias é obrigatória para quem tem filhos.

“Enxergamos na licença parental universal uma possibilidade de fomentar a presença de pais e mães com as crianças nos primeiros meses de vida ou de adoção, trazendo uma mudança cultural importante para a empresa e para a sociedade e visando a parentalidade responsável”

explica Graziella D´Enfeldt, vice-presidente de gente do Grupo Boticário.

Em 2021, no Grupo Boticário, foram mais de 500 licenças parentais concedidas e, dessas, 35% foram para pais. “Começamos [a licença parental universal] aqui [no Brasil] pelo fato de a maior parte dos nossos colaboradores estarem alocados em território nacional”, diz D´Enfeldt. “Desde a implantação do benefício no Brasil em julho de 2021, aprendemos e evoluímos com cada colaborador para, por fim, disseminar e potencializar essa cultura para outros países onde temos operações.”

Outra companhia que também anunciou recentemente a ampliação da licença paternidade foi a farmacêutica Merck Brasil, que ampliou o benefício de 20 para 60 dias. A novidade é válida para pais ou segundo cuidador, o que significa que casais homoafetivos e pais de adoção também garantem o direito. De acordo com a legislação brasileira, os funcionários têm direito a cinco dias corridos de licença paternidade, contando desde o dia do nascimento da criança ou início do convívio familiar. Companhias que adotam o Programa Empresa Cidadã concedem 20 dias. A iniciativa de ampliar o período de licença para os homens surgiu por meio do grupo de trabalho de diversidade e inclusão da Merck, que tem cerca de 1.300 funcionários no país.

O Great Place to Work Brasil também informou, em março, que seus funcionários passam a ter direito a uma licença paternidade de seis meses. Os novos pais terão direito de ficar em casa por esse período, sem desconto no salário ou necessidade de trabalho remoto. O benefício é acessível também para casais homoafetivos e casos de adoção.

“Nós fizemos uma análise estatística com algoritmos de inteligência artificial entre as empresas que estão mais bem classificadas no ranking nacional das 150 Melhores Empresas para Trabalhar versus as que ainda têm um caminho a ser percorrido para chegar lá. Em conjunto com os dados das pesquisas, identificamos que as empresas que dão licença paternidade estendida como uma das práticas positivas, a chance de performarem entre as melhores aumenta em 17% para cada dia a mais de licença. Ou seja, para cada um dia a mais de licença estendida, a chance de estar entre as Melhores aumenta 17%”, afirma Ruy Shiozawa, CEO do Great Place to Work.

De acordo com um comparativo realizado pelo GPTW com as Melhores Empresas para Trabalhar entre os anos de 2006 e 2021, em 2006, 100% das empresas ofereciam licença paternidade de menos de um mês, contra 53% de empresas em 2021. Em 2006, portanto, nenhuma empresa concedia a licença paternidade de um a três meses. Já, em 2021, 5% das empresas adotaram o benefício.

“Ainda que o número seja pequeno, percebemos uma tendência de crescimento entre as Melhores Empresas para Trabalhar. Esse é um importante avanço, pois contribui para ambientes familiares mais igualitários e propiciam aos pais criarem vínculos mais fortes com seus filhos”, complementa Shiozawa. No GPTW a licença maternidade também é de seis meses e a consultoria estabeleceu, ainda, a “licença PETernidade” de 2 dias, para os colaboradores que adotem cães ou gatos.

A Gupy, empresa de tecnologia para recursos humanos, é mais uma empresa que adotou a licença paternidade de seis meses. Em nota, a companhia informou que “o principal objetivo da empresa é fomentar a participação dos pais nos primeiros meses do bebê, buscando equilibrar as responsabilidades entre homens e mulheres nas relações, com a esperança de, indiretamente, impactar de forma positiva a competitividade feminina no ambiente de trabalho”.

A licença paternidade pode ser tirada das seguintes formas: 2 meses a partir do nascimento do bebê ou da obtenção de guarda em processo de adoção; e 1 a 4 meses flexíveis, que poderão ser tirados em um período de até 6 meses do retorno da licença inicial. Atualmente, a Gupy tem 600 funcionários.

“Rever a licença paternidade é uma forma de o RH agir para posicionar a organização como uma empresa que fomenta a diversidade e a inclusão no ambiente de trabalho”, disse Mariana Dias, CEO e cofundadora da Gupy, ao anunciar a nova licença. “Escolher entre a família e a carreira não deveria mais fazer parte dos desafios dos profissionais, sejam mulheres ou homens.”

A Diageo tenha sido, talvez, uma das primeiras empresas no Brasil a adotar a licença paternidade ampliada. A proprietária das marcas Johnnie Walker, Tanqueray, Smirnoff e Ypióca incluiu a política em julho de 2019. Na época, a companhia desenvolveu uma política de licença familiar, que estendeu a todas as equipes da companhia uma licença paternidade e maternidade de 26 semanas, ou seis meses de duração, com a manutenção de salários e benefícios.

A política abrange todos os tipos de casais e é válida também para pais que adotam. O sucesso da iniciativa foi medido dois anos depois: 90% dos homens da companha que se tornaram pais nesse período aderiram ao benefício. Até hoje, a política de licença familiar beneficiou 85 funcionários, sendo 41 mulheres e 44 homens. Os beneficiados fazem parte de todos os setores da companhia, desde administrativo, fábrica ou vendas, e estão presentes em todos os níveis hierárquicos. A empresa tem 700 funcionários no Brasil.

Uma pesquisa recente realizada pela plataforma de empregos InfoJobs com 1.627 pessoas que se identificam com o gênero feminino mostra que quando o tema é licença maternidade, 86% afirmam que já sofreram ou acreditam que exista um preconceito relacionado ao tema. Para 75%, intensificar a licença paternidade seria um passo para acabar com o preconceito e igualar as responsabilidades. Com 60 funcionários no Brasil, a sueca Volvo Cars criou uma licença parental igualitária de 24 semanas para pais e mães. O benefício é válido para os cerca de 40 mil empregados da companhia no mundo.

“Vale lembrar que aqui no Brasil a Volvo, por ser uma empresa do Programa Empresa Cidadã, tinha, até o momento, 20 dias de licença paternidade e 24 semanas (seis meses) de licença maternidade. São 160 dias a mais para deixarmos os pais mais pertos de seus filhos. Estamos pensando em primeiro lugar nas pessoas e na qualidade de vida dos nossos funcionários”, disse em nota Eliane Trinca, diretora de people experience e responsabilidade social da Volvo Car Latam Hub. “Além disso, queremos criar uma cultura que apoie a igualdade de gênero na criação dos filhos.” A Rhodia, que pertence ao grupo Solvay, oferece aos seus funcionários uma licença paternidade de até 16 semanas, igual à licença maternidade. Esse benefício, que integra a política de licença coparental adotada pela empresa, foi instituída no início de 2021, e vale para todos os empregados do grupo no mundo – grupo Solvay tem 21 mil empregados diretos globalmente, e a Rhodia tem cerca de 1.700 empregados no Brasil.

O benefício está disponível para os empregados coparentais (adultos responsáveis por crianças), independentemente do gênero ou orientação sexual, além de incluir os pais que adotam filhos. O coparental empregado pela Solvay receberá 100% de seu salário durante o período de licença. No Brasil, a empresa fechou o ano passado com 15 pedidos de licença paternidade. O período de licença é determinado pelo empregado “Para ajudar as mulheres a chegar ao topo, vamos dar aos seus cônjuges a oportunidade de apoiá-las durante uma das principais etapas da vida familiar”, disse a CEO da Solvay, Ilham Kadri, em nota ao anunciar a política.

Desde janeiro de 2021, os funcionários da Novartis em todo o mundo também podem se beneficiar de um período mínimo de 14 semanas em licença-parental remunerada após o nascimento ou adoção de uma criança, a partir do primeiro dia de trabalho. Quando os funcionários estiverem em países que atualmente oferecem mais de 14 semanas de licença remunerada, a empresa concede esse período para ambos os pais. Em nota, a companhia informa que “ao oferecer a mesma licença parental para todos os progenitores, independente do sexo ou orientação sexual, procura promover uma maior equidade e dar a todos a flexibilidade e oportunidade de fazerem as escolhas adequadas às suas famílias”.